Crítica do livro publicada no site da Ernest Becker Foundation:
Julio Roberto Costa, um sociólogo brasileiro relacionado com área de desenvolvimento sustentável, tem sido um estudante da vida e obra de Otto Rank por 30 anos. Em sua visão, uma pessoa se torna menor quando age de forma egoísta, criminosa, irresponsável. O título do livro reflete a antítese de tal comportamento, e os fatores inerentes no pensamento de Rank que nos torna mais—mais desenvolvidos, aperfeiçoados, melhores.
Otto Rank (1884 – 1939) foi aluno de Freud e seu secretário, começando em 1906 quando Freud completou 60 anos e Rank tinha 22. Freud financiou os estudos de Rank na Universidade de Viena, aonde ele conseguiu o seu Ph.D. em 1911. Rank era membro do comitê secreto formado em 1913 para guiar o movimento psicanalítico; ele e Freud eram os dois únicos (de sete) em Viena. Com a sua crescente insatisfação com a análise protocolar, Rank publicou O Trauma do Nascimento (1923), enfatizando os laços entre a mãe e a criança, e o processo de separação e individuação. Ele rompeu com seu mentor em 1926, se mudou para Paris, e finalmente, em 1935, para Nova York. Rank é conhecido por seus livros sobre o mito, a arte, a educação, e a terapia existencial ou humanista.
J. R. Costa é bem informado acerca de Rank. Ele oferece um tratamento de seu tema que é profundo, provocativo, e algumas vezes paradoxal. Ele apresenta muitas vezes uma ideia dramática, complicada, p. ex.: “É impossível para a subjetividade testemunhar contra si própria. Uma mensagem discorrendo sobre a sua própria não existência é impossível. ” E “…O projeto de vida de ser mais é nutrido pelos elementos culturais contrários às imagens de decadência e finitude”.
“Devemos nos lembrar que no pensamento de Rank tanto a pessoa quanto a comunidade possuem as mesmas raízes: começando com uma vontade de viver que é dada com a própria existência, a subjetividade irá cultivar os valores relativos à renúncia ao finito e à busca do eterno, de forma a criar uma experiência especificamente humana, e irá representar essa criação no repertório simbólico da comunidade, que é acessível a todos. Nesta concepção, o conflito entre o indivíduo e o grupo deixa de ser um fato inquestionável, e somos obrigados a pensar em uma colaboração entre a pessoa e a comunidade, em favor da criação da experiência humana. ”
Costa afirma que “pessoa e comunidade anseiam pela mesma coisa: a permanência e intensificação de uma experiência especificamente humana”. Ele condena o comportamento egoísta, criminoso ou irresponsável—que são formas de ser menos pessoa, anti-vida—e deplora essa tendência entre os formadores de opinião.
Este livro é pequeno, mas possui muito valor, muitas ideias desafiadoras e valiosas. Ele reconhece o mérito de Otto Rank em novos e interessantes caminhos. Aqueles que estão familiarizados com os trabalhos de Rank ficarão surpresos, e alguns irão considerar Costa como tendo se excedido em sua interpretação. Este é um estimulante e criativo texto, que irá desafiar aqueles que já possuem familiaridade com Rank, ao mesmo tempo em que trará para ele novos leitores, em uma luz atraente.
Dr. E. James Lieberman, M. D.
Após a escola de medicina (UCSF) e residência em psiquiatria (Harvard), James Lieberman veio para Bethesda em 1963. Depois de 7 anos no NIMH, começou a prática de psicoterapia, com ênfase em casais e terapia de família. Encontrou pela primeira vez Otto Rank em 1977, e publicou uma biografia em 1985. Desde então, editou novas traduções de vários dos trabalhos de Rank. Tem estado ativo em assuntos relacionados ao estágio final da vida, por meio de Compaixão e Escolhas. Ele é Professor de Psiquiatria Clínica, Emérito, na Escola de Medicina da Universidade George Washington.